ID_000734

Título próprio
A Minerva
Autor/Criador
BORDALO PINHEIRO, Rafael
Suporte
Papel
Data de criação
06 de janeiro de 1876
Técnica
Litografia
Lugar de criação
Rio de Janeiro
Localização actual
Hemeroteca Digital - Biblioteca Nacional do Brasil
Descrição
Anúncio de uma loja chamada “A Minerva”, publicado no periódico “O Mosquito”, que se caracterizava como uma loja de variedades, representando um tipo de estabelecimento comercial bastante recorrente no século XIX. Em outra propaganda da mesma loja publicada no “Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro” de 1874, afirma-se que “A Minerva” era “o mais antigo e importante estabelecimento” de instrumentos de música, de ótica, instrumentos para cirurgia, acessórios da arte dentária, instrumentos para estudo e prática das ciências físicas e ornamentos para altar e Igreja. Na propaganda publicada em “O Mosquito”, estão anunciados uma variedade de itens como, por exemplo, ampulhetas, óculos, pince-nez, carteiras cirúrgicas, dentes artificiais, barômetros e bússolas. Na parte central da imagem, se destaca em caixa alta a venda de “grande sortimento de instrumentos de música para orquestra e banda”, listando-se, logo abaixo, os seguintes itens: harmoniflûtes, harmônicas, realejos, concertinas e caixa de música. Em ambos os anúncios, o endereço da loja permanece o mesmo, Rua da Quitanda 99, localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, em uma região com grande concentração de estabelecimentos comerciais. Além disso, se identifica também que o nome do proprietário da firma – Raimundo Nunes – permanece o mesmo nos dois anúncios. A imagem da propaganda é composta por uma representação da deusa Minerva, um anjo, um ornamento com a superposição de um instrumento parecido com uma viola e, outro, com uma trompa, incluindo, ainda, dois macaquinhos que poderiam representar aqueles que são treinados para dançar junto ao som dos realejos ou, talvez, o exotismo tropical. É interessante observar que a figura mítica da Minerva, de certo modo, tem relação com o conjunto de produtos vendidos na loja, não naquilo que ela representa como uma deusa relacionada à guerra, mas, na sua representação como a patrona das artes, do artesanato, do comércio e de diversas habilidades manuais e intelectuais e como a deusa da sabedoria. É interessante observar também que a música tem uma importância central na maneira que Bordalo concebeu este anúncio, onde a deusa Minerva e seu cúpido são representados tocando instrumentos musicais – ela, tocando realejo e parecendo estar dançando, e ele tocando uma charamela e, ao mesmo tempo, tocando com os pés um instrumento de fole. Vale destacar que também foi localizada uma propaganda da mesma loja publicada no número 348 do periódico "O Mosquito", em 11 de março de 1876, sem ilustrações e desenhos, com o seguinte anúncio: "Músicas: quadrilhas, polcas, valsas para piano e bandas de música das óperas: Mme. Angot, Salvador Rosa, Jolie Parfumeuse, Braconniers de la Seina, Mme. L’Archidue, Boulangère, Crèole, Voyage dans la lune, Dragons de Villars, Girofle-Girofal, Belle Hélène, Orpheée aux Enférs e muitas outras recebidas pelo último paquete."
Instrumento(s)
Bibliografia
RUAS, Jarbas José. Mapeamento de agentes econômicos no comércio musical fluminense do século XIX (1840-1889). Anais do XXIII Congresso da ANPPOM, 2023.