ID_000733

Título genérico
Anjos músicos
Suporte
Azulejo
Data de criação
Primeira metade do século XVIII (c.1735)
Instituição
Colégio dos Jesuítas, Igreja de São João envangelista
Localização actual
Coro alto da Igreja do Colégio, São Pedro, Funchal
Descrição
No centro da composição, dois ‘putti’ alados, de corpo inteiro, gorduchos e nus, bem ao gosto da anatomia barroca, fazem música. À direita do observador, um ‘putto’ toca um aerofone (oboé, charamela?). À esquerda, não é claro se se trata de um cantor, que segue atentamente a sua partitura, ou um maestro, que, de mão levantada conduz o músico. O livro de música apresenta notação ilegível. Por entre as nuvens, na parte superior, espreitam quatro ‘putti’, representados apenas pela cabeça e par de asas, e outro, no centro, encontra-se junto aos anjos músicos. Este silhar de azulejos, azuis e brancos, apresenta um emolduramento (cercadura) rematado, superiormente, por uma panóplia de instrumentos musicais: trombeta, violino, harpa, guitarra, cordofone dedilhado, oboé e charamela, e, ainda, uma partitura (com notação ilegível), e, na parte inferior, no centro, um ´putto´(cabeça e par de asas) integra-se numa decoração em Ss, volutas e folhas de acanto/elementos vegetalistas, formando uma cartela, figurino que se repete nas colunas laterais, seguindo estética barroca. Anote-se que neste painel alguns azulejos não estão corretamente colocados (friso inferior; remate).
Instrumento(s)
INS_SH – Participantes
422.111; 422.112.1
Bibliografia
CALADO, Rafael Salinas, 1999, Azulejaria na Madeira e na Casa-Museu Frederico de Freitas, Funchal, DRAC, pp. 28-31. CARITA, Rui, 1988, O Colégio dos Jesuítas do Funchal - Memória Histórica, Vol. I, Funchal, Governo Regional da Madeira / Secretaria Regional de Educação. ROCHA, Luzia Aurora, 2012, O motivo musical na azulejaria portuguesa da primeira metade do século XVIII, Tese de Doutoramento, NOVA FCSH. https://run.unl.pt/handle/10362/7369 ROCHA, Luzia Aurora, 2015, Cantate Dominum: Música e Espiritualidade no Azulejo Barroco, Lisboa, Edições Colibri, Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical - Universidade Nova de Lisboa. SANTOS SIMÕES, 1963, Corpus da Azulejaria Portuguesa: Azulejaria Portuguesa nos Açores e Madeira, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 175. SANTOS SIMÕES, 1979, Azulejaria em Portugal no século XVIII, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; IDEM, 1997, Azulejaria em Portugal no século XVII, 2.ª ed., revista e atualizada, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian (2 vols.). SANTA CLARA, Isabel, 2008, “Olhar a música: uma perspectiva sobre a iconografia musical na Madeira”, in MORAIS, Manuel, A Madeira e a Música, Funchal: Funchal 500 Anos, pp. 162-168.
Notas
Emolduramento Trombetas Violino Harpa Guitarra Cordofone dedilhado Oboé Charamela
IconClass DescCena ID
11G21 Anjos cantando, fazendo música; 48C77 Maestro
Observações
Painel Cistre: Cordofone dedilhado com dimensões e morfologia correta (caixa de ressonância, braço, cravelhame, boca, barra). Relativamente às cordas, os modelos mais usados no Barroco tinham seis ordens de cordas, numa mistura de cordas simples e duplas. Neste instrumento, em particular, contamos seis cravelhas no cravelhame, mas o número de cordas não é coincidente (oito?). Órgão Positivo: Aerofone com inúmeros problemas de representação organológica. O instrumento aqui representado consiste apenas num móvel (caixa) – onde eventualmente estariam protegidos os foles e inseridos o teclado e a pedaleira. Por cima da caixa estão colocados dez tubos com dimensões, em crescendo, sugerindo uma progressão em escala, mas sem qualquer apoio/suporte ou integração real no instrumento, parecendo estar a pairar em suspenso. Charamela: Aerofone de tubo cónico com orifícios, que aqui não estão corretamente distribuídos. Na embocadura é visível a ‘pirouette’, onde assentam os lábios do anjo músico. Numa segunda charamela aqui representada não são visíveis orifícios. Trombeta: Aerofone, modelo típico do Barroco, com uma volta de tubo terminando em campânula. Vários anéis metálicos são usados como pontos de fixação e reforço. A posição de execução é pouco usual, certamente porque o interesse do artista em mostrar o anjo se sobrepôs à comum posição do instrumento direcionado para a frente. b) Emolduramento (cercadura) Trombetas (a): Pequenas trombetas naturais de tubo reto. Pela sua simplicidade, aparentam mais serem instrumentos de sinal, do que destinados à prática performativa. Trombeta (b): Instrumento natural barroco com uma volta de tubo. Violino: Instrumento morfologicamente bem representado, apenas com as aberturas em ff mal colocadas. O arco tem forma convexa, típica deste período. Harpa: Harpa barroca de pequenas dimensões. O facto de o violino lhe estar sobreposto não permite saber o número exato de cordas. Guitarra: Instrumento barroco com quatro ordens de cordas estando parcialmente visível. O cravelhame é ligeiramente dobrado. Cordofone dedilhado: Instrumento parcialmente visível com caixa de ressonância pequena, mais coincidente com a de um cistre, mas com caixa abaulada, como o alaúde. Oboé: Visível apenas a parte final do tubo, com a ‘fontanelle’ e a campânula. Charamela: Visível apenas a campânula.