ID_000721

Título genérico
Coroação da Virgem com anjos músicos
Suporte
Pintura a óleo sobre madeira
Data de criação
Primeiro quartel do século XVII
Instituição
Capela de Nossa Senhora da Alegria
Localização actual
Altar-mor da Capela de Nossa Senhora da Alegria, São Roque, Funchal
Descrição
A composição pictórica organiza-se pela vertical central, passando pela Pomba, símbolo do Espírito Santo, Virgem e Menino, definindo a hierarquização divina. Um halo luminoso circular sobre as cabeças das figuras sagradas acentua a ideia de glória celestial, enquanto dois anjos descem em direção à Virgem, transportando o símbolo da Rainha dos Céus – coroa. Em posição de entronização, a Virgem traja um vestido azul-escuro e manto vermelho, com pedrarias, e oferece uma maçã ao Menino, que está de pé no seu colo, simbolizando a salvação e redenção. Ladeando a Virgem, num nível ligeiramente inferior, observa-se um quarteto de anjos músicos com coroas de flores. Tocam instrumentos cordofones (capela baixa), sendo possível identificar, à direita do observador (de cima para baixo), um cordofone friccionado (viola?) e um alaúde. À esquerda do observador (de cima para baixo), encontram-se representados um cordofone friccionado (violoncelo?) e uma harpa dupla.
Instrumento(s)
INS_SH – Participantes
321.322-71; 321.321; 321.322-71; 322.212
Bibliografia
DeVale, S., Lawergren, B., Rimmer, J., Evans, R., Taylor, W., Bordas, C., Fulton, C., Schechter, J., Thym-Hochrein, N., Devaere, H., & McMaster, M., 2001, Harp. Grove Music RODRIGUES, Rita, 2012, A Pintura Proto-Barroca e Barroca no Arquipélago da Madeira, entre 1646 e 1750: A eficácia da imagem, Funchal, UMa, Tese de Doutoramento (policopiado), pp. 428-433. RODRIGUES, Rita, 2023, «”A Coroação da Virgem” da Capela de Nossa Senhora da Alegria», in Islenha, n.º 73, Funchal, Direção Regional da Cultura, pp. 54-71. SAINZ-TRUEVA, José, 1985, «Património para quê? A Capela e a Quinta da Alegria», in Diário de Notícias, Funchal, 3 de Fevereiro, pp. 9-10. SANTA CLARA, Isabel, 2004, Das coisas visíveis às invisíveis. Contributos para o estudo da pintura Maneirista na Ilha da Madeira (1540-1620), Vol. I, Funchal, UMa, Tese de Doutoramento, (policopiado), pp. 273-275; 297. SANTA CLARA, Isabel, 2008, «Olhar a música - Uma perspectiva sobre a iconografia musical na Madeira», in MORAIS, Manuel (coord.), A Madeira e a Música - Estudos (c.1508-c.1974), Funchal, CMF -Funchal 500 Anos, pp. 161-163
IconClass DescCena ID
73E795 Coroação de Maria por um ou mais anjos; 73E795 (+3) Anjos; 11G21 Anjos a cantar, a fazer música
Observações instrumentos
Cordofone: Cordofone friccionado com várias características morfológicas (forma da caixa de ressonância, tamanho, por exemplo), que nos remetem para uma viola. O número de quatro cordas e a ausência de trastos no braço são elementos determinantes para esta catalogação. De realçar a forma da caixa de ressonância trabalhada artisticamente com saliências ondulantes que não lhe são características, mas que resultam como um enobrecimento do instrumento musical. Cordofone: Cordofone de barra apresenta ressoador com caixa de ressonância de formato periforme. O tampo é plano, com a parte traseira abaulada e são visíveis cinco ordens de cordas duplas com mais uma corda simples. Tanto as características morfológicas, proporção do instrumento e a postura de execução são fidedignas. Trata-se de um alaúde. Cordofone: Cordofone friccionado com várias características morfológicas (forma da caixa de ressonância, tamanho, por exemplo), que nos remetem para um violoncelo. O número de quatro cordas, a ausência de trastos no braço são elementos determinantes para esta catalogação. Contudo, convém deixar registado um elemento que poderia sugerir uma viola ‘da gamba’. Este elemento pode, simplesmente, ser derivado de alguma falta de rigor na representação ou até de equívoco, por parte do artista. É o caso das três cravelhas laterais visíveis. Tal poderia sugerir uma ‘gamba’, visto esta ter seis ou sete cordas. Logo, cada lado do cravelhame teria três cravelhas, ou então quatro de um lado e três de outro. Como o violoncelo tem quatro cordas, o correto seriam duas de cada lado. Não obstante, é apenas um preciosismo este apontamento, visto que o instrumento tem as características gerais de um violoncelo. Harpa barroca: Apresenta com duas ordens de cordas (visível nos pontos de fixação da caixa de ressonância). Estes dois níveis de cordas permitiam que o instrumento funcionasse de maneira cromática e foi um avanço significativo relativamente à harpa diatónica. Com exceção do número (maior) de cordas das harpas de duas ordens, estas eram em tudo semelhantes (morfologia, proporções e estilo de construção) às harpas diatónicas com uma ordem de cordas.