ID_000717
- Título genérico
- Anjos Músicos
- Suporte
- Azulejo
- Data de criação
- c. 1735
- Instituição
- Igreja de São João Evangelista
- Localização actual
- Coro alto da Igreja do Colégio, São Pedro, Funchal
- Descrição
- No centro da composição, três ‘putti’, gorduchos, de corpo inteiro, ligeiramente cobertos com largo tecido drapeado, bem ao gosto da anatomia barroca, fazem música. À esquerda do observador, um ‘putto’ toca um aerofone (oboé, charamela ?), e o do centro, com asas, levanta a mão direita e segura com a esquerda um livro de música, com notação ilegível, não sendo claro se se trata de um cantor ou maestro que conduz os restantes músicos. No lado direito, outro toca violoncelo. Por entre as nuvens, na parte superior, espreitam dois ‘putti’, um olhando de frente para o espectador e outro de perfil, representados apenas pela cabeça e par de asas.
Este silhar de azulejos, azuis e brancos, apresenta um emolduramento (cercadura) rematado, superiormente, por uma panóplia de instrumentos musicais: trombeta, violino, harpa, guitarra, cordofone dedilhado, oboé e charamela, e, ainda, uma partitura (com notação ilegível), e, na parte inferior, no centro, um ´putto´ (cabeça e par de asas) integra-se numa decoração em Ss, volutas e folhas de acanto / elementos vegetalistas, formando uma cartela, figurino que se repete nas colunas laterais, seguindo estética barroca.
Anote-se que neste painel, alguns azulejos estão incorretamente colocados (‘putti’ do lado esquerdo e friso inferior, remate).
- Instrumento(s)
-
- INS_SH – Participantes
- 423.121.22; 321.322-71; 322.212 211; 321.322; 321.3; 422.111; 422.112.1, 422.112.2
- Bibliografia
- CALADO, Rafael Salinas, 1999, Azulejaria na Madeira e na Casa-Museu Frederico de Freitas, Funchal, DRAC, pp. 28-31.
CARITA, Rui, 1988, O Colégio dos Jesuítas do Funchal - Memória Histórica, Vol. I, Funchal, Governo Regional da Madeira / Secretaria Regional de Educação.
ROCHA, Luzia Aurora, 2012, O motivo musical na azulejaria portuguesa da primeira metade do século XVIII, Tese de Doutoramento, NOVA FCSH.
ROCHA, Luzia Aurora, 2015, Cantate Dominum: Música e Espiritualidade no Azulejo Barroco, Lisboa, Edições Colibri, Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical - Universidade Nova de Lisboa.
SANTOS SIMÕES, 1963, Corpus da Azulejaria Portuguesa: Azulejaria Portuguesa nos Açores e Madeira, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 175.
SANTOS SIMÕES, 1979, Azulejaria em Portugal no século XVIII, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; IDEM, 1997, Azulejaria em Portugal no século XVII, 2.ª ed., revista e atualizada, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian (2 vols.).
SANTA CLARA, Isabel, 2008, “Olhar a música: uma perspectiva sobre a iconografia musical na Madeira”, in MORAIS, Manuel, A Madeira e a Música, Funchal: Funchal 500 Anos, pp. 162-168.
- Referências externas
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- IconClass DescCena ID
- 11G21 Anjos cantando, fazendo música; 48C77 Maestro
- Observações instrumentos
- Aerofone: Encontra-se parcialmente visível. Apenas se pode ver a parte superior do tubo. Não é claro se esetamos perante um oboé ou charamela.
Violoncelo: Instrumento morfologicamente correto, com todos os elementos constituintes. De realçar que a tradicional voluta é substituída por uma cabeça de anjo. O arco é convexo, de acordo com a prática barroca. O ‘putto’ toca de pé e apoia o instrumento sobre o joelho, ligeiramente levantado.
Trombetas (a): Pequenas trombetas naturais de tubo reto. Pela sua simplicidade, aparentam mais serem instrumentos de sinal, do que destinados à prática performativa.
Trombeta (b): Instrumento natural barroco com uma volta de tubo.
Violino: Instrumento morfologicamente bem representado, apenas com as aberturas em ff mal colocadas. O arco tem forma convexa, típica deste período.
Harpa: Harpa barroca de pequenas dimensões. O facto de o violino lhe estar sobreposto não permite saber o número exato de cordas.
Guitarra: Instrumento barroco com quatro ordens de cordas estando parcialmente visível. O cravelhame é ligeiramente dobrado.
Cordofone dedilhado: Instrumento parcialmente visível com caixa de ressonância pequena, mais coincidente com a de um cistre, mas com caixa abaulada, como o alaúde.
Oboé: Visível apenas a parte final do tubo, com a ‘fontanelle’ e a campânula.
Charamela: Visível apenas a campânula.