- Título próprio
- Chronica d'estes tempos
- Título genérico
- Caricaturas sobre a Questão Religiosa e a censura e repressão à peça "Os lazaristas"- década de 1870
- Autor/Criador
- BORDALO PINHEIRO, Rafael
- Suporte
- Papel
- Data de criação
- 16 de Outubro de 1875
- Técnica
- Litografia
- Lugar de criação
- Rio de Janeiro
- Localização actual
- Hemeroteca Digital - Biblioteca Nacional do Brasil
- Descrição
Caricatura em duas páginas, no periódico O mosquito (Brasil, Rio de Janeiro), composta por um complexo conjunto quadros legendados que abordam ao mesmo tempo a censura realizada pelo Conservatório Dramático à peça “Os lazaristas” (drama de autoria do português Antônio Ennes, com conteúdos anticlericais e de teor republicano), a Questão Religiosa (conflito ocorrido no Brasil no início da década de 1870, abrangendo o enfartamento entre a Igreja católica e a Maçonaria, que coloca em questão a autonomia do Estado Imperial em relação aos poderes da Igreja) e a brutal repressão da polícia à tentativa de estreia da peça no Teatro São Luiz, na cidade do Rio de Janeiro, em 12 de outubro de 1875. Entre esses assuntos, figura também a "Questão literária", polêmica travada entre o escritor romântico brasileiro José de Alencar e o então debutante na letras Joaquim Nabuco, que ocorrera entre setembro e novembro de 1875, tendo como estopim o fracasso da estreia da peça O Jesuíta, escrita pelo consagrado autor romântico, e a publicação da sua crítica ao público da corte carioca, acusado de abandonar os ideias nacionalistas que estariam associados, no caso, ao papel histórico dos jesuítas na formação intelectual e moral brasileira (O Teatro Brasileiro. A propósito do Jesuíta), fomentando uma discussão entre Alencar e Nabuco - integrante da chamada "Geração de 1870" e porta-voz das suas críticas ao nacionalismo romântico, em nome de uma perspectiva mais cientificista. Neste conjunto destacam-se as figuras do fundador do periódico "O Apóstolo", Monsenhor José Gonçalves Ferreira; o presidente do Conservatório Dramático, João Cardoso de Menezes e Souza; o Chefe da Polícia da cidade do Rio de Janeiro, Miguel Calmon Du Pin e Almeida; José de Alencar (Zeca, o terrível) e Joaquim Nabuco (Quincas, o belo); incluindo também a presença da figura do Zé Povinho entre os personagens que compõem essa narrativa caricatural. Neste conjunto a música está ilustrada, primeiramente, pela figura do Monsenhor José Gonçalves representando as forças consideradas reacionárias, onde o personagem “toca hinos da vitória no seu órgão da barbárie”, isto é, em um realejo - instrumento que de maneira geral é musicalmente limitado e que funciona basicamente como um reprodutor de determinadas músicas previamente selecionadas. E, em segundo lugar, a música é ilustrada também pela figura do ”Sr. Chefe da Polícia” que “assusta-se e transforma-se em Júpiter Tonante ameaçando céus e terra, conservando no seu Olimpo a mesma ordem que Papá Piter no Orpheu d’Offenbach”, onde Bordalo se apropria-se do personagem Júpiter, da opereta L’Orphée aux Enfers, de Jacques Offenbach.
- Instrumento(s)
- URL externa Imagem
- Bibliografia
ALONSO, Ângela. Ideias em movimento: a geração de 1870 na crise do Brasil Império. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2002.
FLÉCHET, Anaïs. Offenbach no Rio. A febre da opereta no Brasil do Segundo Reinado. In. ABREU, Márcia & DEAECTO, Marisa Midori (Org.). Conexões. A Circulação Transatlântica dos Impressos. São Paulo: Edusp, Unicamp/IEL, 2014, p. 311-324.
SOUZA, Silvia Critina Martins de. Um atentado à liberdade de pensamento: censura e teatro na segunda fase do Conservatório Dramático Brasileiro (1871-1897). TEMPO. REVISTA DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UFF , v. 23, p. 43-65, 2017.
VENTURA, Roberto. Estilo Tropical: História cultural e polêmicas literárias no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
- Referências externas