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Silhar de moldura recortada decorada com ‘putti’, colunas, mísulas, festões, máscara e cartela com a seguinte inscrição: ‘Inoressa est Oratorium suum et prosiemens seclamabat ad Dominum. Judite.9.1.’ - ‘Tendo eles partido, Judite entrou em seu oratório, pôs o seu cilício, cobriu a cabeça com cinzas e, prostrando-se diante do Senhor, orou dizendo (...)’ (Judite, 9:1). Judite encontra-se no Templo de Jerusalém a orar a Deus. Nesta passagem ocorre um intenso monólogo. Judite prepara-se para agir e a sua oração mostra o confronto entre a força de Deus libertador e o poder dos opressores. Judite relembra o caso de Dina e Siquém, em que a jovem foi raptada e violada (Gén. 34), porque a própria Judite vai arriscar a sua honra para libertar o seu povo. A sua oração mostra que Deus toma partido dos pobres e fracos, manifestando assim a sua força. Os poderosos disfarçam a sua própria fraqueza atrás de exércitos e armas, que usam para oprimir. Judite pede então a Deus que a torne sedutora e que essa seja a sua arma contra os opressores, os Sírios e mais precisamente, o general Holofernes. Judite deixa a sua cidade, com uma criada, ricamente vestida e enfeitada com as suas jóias mais belas. As duas levam um saco com alimentos. Ao ser encontrada por soldados, diz-lhes que os pode ajudar a conquistar a sua cidade e que se quer juntar a quem segue Nabucodonosor. Deslumbrados com a sua beleza, os soldados levam-na até junto de Holofernes. Judite oferece-lhe a sua ajuda para conquistar a sua cidade. Holofernes não só confia nela como se encanta pela sua beleza. Judite consegue ficar a sós com ele, na sua tenda, e corta-lhe a cabeça, que coloca num saco, com a ajuda da sua criada. Discretamente, escapa-se do acampamento e retorna à sua cidade, vencedora, com a cabeça de Holofernes. No painel, à esquerda do observador, vemos Judite em oração no templo pedindo força e inspiração a Deus; ao centro, o exército que a encontrou (com um soldado músico, que toca tambor); à direita, uma tenda, com Holofernes decapitado, no seu interior, e, no exterior, Judite e a sua criada, segurando um saco. Esta última cena é copiada de gravura de Jacques Callot intitulada ‘Judite’, datada de 1631. A moldura é em ‘trompe l’oeil’, recortada, decorada com pilastras, máscaras, panejamentos, ‘putti, mulheres atlantes, volutas, etc. ,Tambor com duas membranas. São visíveis as cordas bordão junto à membrana inferior, que vibram por simpatia.