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Cena com dois momentos temporais distintos. À direita do observador, em segundo plano, um anjo anuncia aos pastores a Boa-Nova. Ao centro e à direita da composição vemos a adoração. O telheiro de um estábulo sustentado por uma coluna ao estilo romano alberga a maioria das personagens intervenientes. Nossa Senhora e o Menino (com um anjo adulto à cabeceira), estão rodeados por pastores(as) que levam diferentes oferendas: ovos, aves, ovelhas, etc. Um dos pastores segura uma gaita de foles. S. JoSé Catedral está discretamente colocado ao lado da coluna. À direita do observador está um grupo de pedintes constituído por um cego, o seu moço e um pequeno cão. O cego toca sanfona, o moço, tambor. Ambos cantam. O cão dança ao som da música. A dimensão terrena aproxima-se da divina através da presença dos anjos que seguram uma cartela com a inscrição ‘GLORIA IN EXCESSIS DEO’. Os erros na citação bíblica mostram uma certa ingenuidade e a formação menos erudita do pintor que a realizou. As nuvens, representadas sob a forma de um V, conduzem o olhar do espectador do céu directamente para o Menino. Painel com barra decorada com ‘putti’ e motivos vegetalistas.,Gaita de foles de características ibéricas. Apresenta só um tubo bordão (roncão), com uma decoração de panejamento e franjas ainda hoje utilizada. É visível ainda o fole e uma parte do tubo melódico, não se vendo de todo o tubo insuflador que poderia estar oculto pela mão do pastor. O bordão está apoiado no ombro esquerdo, de acordo com uso e costume ibérico que perdura até aos nossos dias.,Tambor cilíndrico, possivelmente bimembranofone. Está a ser executado com baquetas.,Instrumento representado com excelente pormenor: caixa em forma de viola, manivela, roda, tangentes, cravelhas. O instrumento possui quatro cravelhas indicando as quatro cordas. Este modelo, possivelmente ainda em uso em Portugal, era herança Renascentista. Os modelos Barrocos tinham cinco ou seis cordas.