ID_000735
- Título próprio
- Espetáculos
- Autor/Criador
- BORDALO PINHEIRO, Rafael
- Suporte
- Papel
- Data de criação
- 29 de janeiro de 1876
- Técnica
- Litografia
- Lugar de criação
- Rio de Janeiro
- Localização actual
- Hemeroteca Digital - Biblioteca Nacional do Brasil
- Descrição
- Propaganda de uma loja chamada “A Minerva”, publicada no periódico “O Mosquito”, em 19 de janeiro de 1876, integrada a uma caricatura de uma página inteira denominada “Os Espetáculos”. Este estabelecimento era uma loja de variedades típica do século XIX. Segundo uma propaganda de 1874 publicada no “Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro”, o sortimento desta loja incluía instrumentos de música, de ótica, para cirurgia e acessórios da arte dentária, além de materiais para o estudo e prática de ciências físicas e ornamentos para altar e Igreja. Em ambos os anúncios, o endereço da loja permanece o mesmo, Rua da Quitanda 99, localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, em uma região com grande concentração de estabelecimentos comerciais, incluindo, ainda, o nome do proprietário da firma – Raimundo Nunes – que também permanece o mesmo nos dois anúncios. A caricatura contém duas partes. Na parte superior, Bordalo ironiza a situação de alguns dos mais importantes teatros da cidade do Rio de Janeiro (Cassino, Alcazar, São Luiz e São Pedro de Alcântara), a figura de um dos seus principais empresários (o português Furtado Coelho 1831-1900) e, especialmente, a ineficiência da polícia que estaria se empenhando mais em tentar reprimir espetáculos teatrais do que resolver outras demandas da cidade. Na parte inferior, localiza-se a propaganda que dentro da caricatura realiza uma dupla função: fazer a promoção da loja e, ao mesmo tempo, ironizar algumas questões econômicas e políticas-culturais e artísticas que estavam ocorrendo naquele momento. A partir de uma legenda inserida no meio do anúncio afirma-se que na loja “Minerva há excelentes fundas para as pessoas quebradas”, sabendo que as “fundas” eram um tipo de suporte para conter hérnia e que as “pessoas quebradas” representavam aquelas mais afetadas por uma crise econômica na qual o Brasil Império passava naquele período. O teor político, musical, artístico é concluído na frase seguinte, onde afirma-se que a loja tinha “todos os instrumentos para qualquer um se distrair e alegrar, nesses maus tempos [de crise]”, incluindo “até timbales, com o visto do conservatório e a censura do Sr. João”, isto é, o Conservatório Dramático Brasileiro, que funcionava como um órgão oficial de censura teatral, e o seu então presidente, João Cardoso de Menezes e Souza, apelidado por Bordalo como “Sr. João Censura”, quem autorizaria que os tais timbales fossem tocados – valendo destacar que esse trecho da legenda está acompanhado pelo desenho de alguns instrumentistas tocando os tais timbales e também clarinete, saxofone, realejo, trompete e pratos.
- Instrumento(s)
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- Bibliografia
- RUAS, Jarbas José. Mapeamento de agentes econômicos no comércio musical fluminense do século XIX (1840-1889). Anais do XXIII Congresso da ANPPOM, 2023.