ID_000724
- Título genérico
- O transporte da Arca da Aliança com o Rei David tocando harpa e músicos
- Suporte
- Madeira estofada, dourada e policromada - baixo relevo
- Data de criação
- escultura: 1648-1652 e douramento: 1653-1654
- Instituição
- Museu de Arte Sacra do Funchal
- Localização actual
- Sala de Exposição Permanente do Museu de Arte Sacra do Funchal, Sé, Funchal
- Descrição
- Este painel – Arca da Aliança – integrava um conjunto narrativo do antigo camarim da Sé do Funchal, parte hoje exposta no Museu de Arte Sacra do Funchal, do qual fazem parte os painéis Visão e vocação de Isaías (MASF11); Agnus-Dei (MASF10); Abraão e Melquisidec (MASF8) e Última Ceia (MASF346).
Para a conceção deste painel, o escultor seguiu uma gravura de Adriaen de Collaert (1560-1618), pintor e gravador flamengo, a partir de um desenho de Jan van Sraat, conhecido por Stradanus (c.1523-1606), também flamengo, editada por Philippe Galle (1537-1612), gravador e editor holandês, embora simplificando a composição: várias pessoas à janela ou em balcões observam a passagem do cortejo, sendo na faixa central onde se encontra a maioria das personagens, como são os dois anjos, com asas alongadas, guardando a Arca da Aliança, que é transportada por dois sacerdotes; o Rei David tocando harpa no grupo da frente, comandando o andamento do cortejo. Acompanham-no cinco músicos. Um toca um aerofone com tubo recurvado para baixo (forma fantasiada), três tocam trombetas curvadas e outro uma trombeta reta.
Atrás da Arca da Aliança seguem mais dois músicos tocando trombetas em forma de ‘S’. No primeiro plano da composição está um grupo de crianças conduzindo dois animais (um ovino e um caprino), por certo, para sacrifício. As que estão junto a um dos animais e atrás, tocam charamelas (soprano). A que está na frente deste grupo apenas segura o mesmo instrumento musical na mão.
Este baixo-relevo é dourado e policromado, sendo as figuras um pouco arcaizantes, especialmente nas suas anatomias.
- Instrumento(s)
-
- INS_SH – Participantes
- 322.211; 423.121.2; 42; 423.121.2; 422.112
- Bibliografia
- Bíblia Pastoral, Tradução, Introduções e Notas de Ivo Storniolo, Lisboa, Imprimatur, 1993.
CHEVALIER, Jean; GKEERBRANT, Alain, 1994, “Harpa”, in Dicionário dos Símbolos, Lisboa, Editorial Teorema, p. 362.
CLODE, Luiza, 2005, “Última Ceia”, in Eucaristia – Mistério de Luz, Funchal, Museu de Arte Sacra da Madeira, pp. 24-27.
GOMES, João Lemos, 1966, “Arranjo e modificação do camarim da Sé do Funchal”, in Das Artes e da História da Madeira, n.º 36, Funchal, Sociedade de Concertos da Madeira, pp. 25-27.
FERREIRA, Juvenal Pita, 1963, A Sé do Funchal, Funchal, Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal.
RÉAU, Louis, 1996, Iconografía del Arte Cristiano - Iconografía de la Biblia - Antiguo Testamento, Vol. I, Tomo 1, España, Ed. del Serbal, pp. 295-301.
RODRIGUES, Rita, 2010, «Manuel Pereira, entalhador e imaginário madeirense do século XVII, e os circuitos de divulgação de modelos para as periferias», in Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico, n.º 2, Funchal, SREC/CEHA, pp. 229-337 (disponível em CD-ROM).
SANTA CLARA, Isabel, 2008, «Olhar a música - Uma perspectiva sobre a iconografia musical na Madeira», in MORAIS, Manuel (coord.), A Madeira e a Música - Estudos (c.1508-c.1974), Funchal, CMF -Funchal 500 Anos, pp. 146-150.
- IconClass DescCena ID
- 71H62 a Arca da Aliança é trazida para Jerusalém (2 Samuel 6).
- Observações
- Proveniência: Antigo Camarim da Sé do Funchal
- Observações instrumentos
- Harpa: é um instrumento da família dos cordofones dedilhados, é de porte pequeno e tem uma armação triangular, com a coluna curvada. A extremidade do cravelhame é em formato de caracol e aparenta ter por volta de 20 cordas. O instrumento está muito bem representado. É um modelo usado durante a Idade Média e Renascimento.
Trombetas curvadas: Aerofone sem orifícios, o que indica que a altura do som será mudada através da vibração dos lábios do executante. A ligeira curvatura de tubo é possível para esta tipologia de instrumento musical.
Trombeta reta: Aerofone natural com tubo reto e sem orifícios, o que indica que a altura do som será mudada através da vibração dos lábios do executante.
Aerofone: Aerofone de tubo curvado para baixo. Esta forma parece ser uma opção artística relacionada com forma e/ou limitações do suporte artístico (o bloco de madeira finaliza não sendo possível colocar uma trombeta a apontar para a frente). Não é possível ver orifícios. Não é possível indagar se tem palheta ou bocal.
Trombetas em forma de ‘S’: Modelo de trombeta usado particularmente nos séculos XV e XVI, em que o tubo (sem orifícios) tem uma forma de ‘S’.
Charamelas: aerofone de palheta dupla, tubo cilíndrico com orifícios, ligeira campânula no final do tubo, modelo soprano.