- Título genérico
- Amália Rodrigues
- Autor/Criador
- Mr. Dheo e Mosaik
- Suporte
- Pintura
- Data de criação
- 2009
- Localização actual
- Travessa de Santo Antão, Lisboa
- Descrição
Pintura mural idealizada, realizada e assinada pelos artistas de rua Mr. Dheo e Mosaik (colaborador) com o objectivo homenagear a fadista portuguesa Amália Rodrigues (1920-1999) pelos dez anos após a sua morte. Do lado esquerdo do observador vemos retratadas labaredas de várias cores, das quais provém a frase “Sou do povo por condição”. Esta frase foi proferida pela própria fadista e citada por Fernando Dacosta (2017): “Sou do povo por condição, sem orgulho nem pena”. Contrasta com os tons quentes de vermelho, cor de fundo do mural, o busto da fadista, em tons de cinza e negro, que transmitem a melancolia, tristeza e saudade que pauta grande parte dos temas de fado, bem como a própria Amália. Junto ao nome da fadista, escrito em grandes letras, aparece de forma quase imperceptível a palavra “Nossa”, pois o tom de vermelho da palavra funde-se, praticamente, com o vermelho de fundo. O “Nossa” poderá ter várias leituras: Amália “nossa”, de Portugal, do Povo; Amália “nossa”, do nosso Fado; Amália “nossa”, do popular de rua, consequentemente, da própria arte urbana. No canto inferior direito, por baixo do retrato são observáveis a data de nascimento e morte da artista. Já a parte final deste mural é uma espécie de continuação do cabelo preto de Amália Rodrigues, que provém da representação do seu busto. Aqui são desenhados moxvos relacionados com Portugal e com a Portugalidade tais como o coração e flores usualmente representados no galo de Barcelos. Volvidos quase dez anos sobre a primeira fotografia aqui apresentada, deparamo-nos com um cenário completamente diferente. Tudo desapareceu à do rosto de Amália Rodrigues, já com algum graffitti sobreposto, basicamente, assinaturas. Metamorfose, poder-se-ia dizer. Vandalismo, concluir-se-á. Da obra de arte inicial resta apenas uma triste sombra. Para além do mais uma espécie de quiosque de rua, que se encontra fechado, foi também ali colocado. Símbolo da efemeridade da arte urbana, este mural lisboeta desapareceu, quase todo na sua totalidade, mas não na sua essência. Amália ainda vive neste cenário de rua.
- Bibliografia
Dacosta, Fernando. 2017. Amália - a Ressurreição. Lisboa: Casa das Letras.
Nery, R. (2010). Fado. In Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX (Vol. 2, pp. 433-434). Lisboa: Círculo de Leitores.
Luzia Aurora Rocha, Beatriz Carvalho. "Arte Urbana e Iconografia Musical: o caso das ruas de Lisboa" in Iconografia Musical: Temas portugueses", vol. 4, tomo II. Eds. Luzia Rocha, Luís Sousa, Ana Dias, CESEM/NOVA FCSH, 2020, pp. 140-150