- Título próprio
- Actualidades
- Título genérico
- Caricaturas que destacam as óperas-bufas Giralda-Giraldinha e La Reino Indigo
- Autor/Criador
- BORDALO PINHEIRO, Rafael
- Suporte
- Papel
- Data de criação
- 30 de Outubro de 1875
- Técnica
- Litografia
- Lugar de criação
- Rio de Janeiro
- Localização actual
- Hemeroteca Digital - Biblioteca Nacional do Brasil
- Descrição
Caricatura publicada no periódico O mosquito (Brasil, Rio de Janeiro), em duas páginas, composta por um complexo conjunto de quadros legendados que, dentre outros assuntos, reportam a diminuição da importância da censura e repressão à peça Os Lazaristas (drama de autoria do português Antônio Ennes, com conteúdos anticlericais e de teor republicano), por parte da opinião pública, que estaria desviando seus olhares “para coisas alegres”, no caso, as óperas bufas Giralda-Giraldinha e Reino Indigno e para os espetáculos de Cancã em cartaz naquele momento. Isso acompanha uma série de legendas onde se destaca o aspecto contraditório da função oficial do Conservatório Dramático Brasileiro na promoção e no progresso da literatura e da arte dramática no Brasil, sobretudo, a partir de um discurso de valorização do “teatro sério”, procurando-se explicitar nesse conjunto a incoerência dos critérios e práticas de censura daquele órgão. Em consonância com as discussões sobre a decadência da cultura e das artes no Brasil e sobre as suas perspectivas de modernização e progresso, a “Questão religiosa” perpassa a narrativa dos quadros e, especificamente, a "Questão literária" é mais uma vez destacada, isto é, a polêmica entre o escritor romântico brasileiro José de Alencar e o então debutante na letras Joaquim Nabuco, que ocorrera entre setembro e novembro de 1875, representando a ruptura de paradigmas referentes aos projetos de nação defendidos pelos representantes do Romantismo e por integrantes da chamada “Geração de 1870”, tendo Nabuco representando uma matriz intelectual de caráter cientificista. Neste conjunto incluem-se novamente as figuras do fundador do periódico "O Apóstolo", Monsenhor José Gonçalves Ferreira; do presidente do Conservatório Dramático, João Cardoso de Menezes e Souza (Sr. João Censura); do Chefe da Polícia da cidade do Rio de Janeiro, Miguel Calmon Du Pin e Almeida; de José de Alencar (Zeca, o terrível) e Joaquim Nabuco (Quincas, o belo); destacando ainda figuras que representariam a “Opinião pública”, ilustradas por homens de olhos grandes e por uma mulher assistindo a apresentação da ópera bufa Giralda-Giraldinha. Neste conjunto a música ganha um espaço importante ao longo da narrativa. Primeiro, por meio de um quadro dedicado justamente à Giralda-Giraldinha, paródia da ópera-bufa Giroflé-Girofla (Alexandre Charles Lecocq, música; Albert Vanloo e Eugène Leterrier, libreto), escrita pelo dramaturgo português Eduardo Garrido, e encenada pela companhia teatral Phenix, destacando-se a figura provavelmente de Francisco Corrêa Vasques – ator e dramaturgo renomado na época. Em segundo, pelo quadro que apresenta a ópera bufa La Reine Indigo (A. Jaime e V. Wilder, poema; Johann Strauss Jr., música). Em terceiro por uma imagem das dançarinas de Cancan sendo transportadas em uma caixa semiaberta, como futuras “presas” observadas por “elegantes urubus”. E, por fim, pelo detalhe de um conjunto de pequenas sinetas que o Sr. João Censura segura em cada uma das suas mãos, que começaria a tocar “desabridamente”, toda vez que lhes perguntavam se ele era “reacionário”, retomando-se a questão da censura do drama Os Lazaristas, ao final da narrativa desse conjunto caricatural.
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- Bibliografia
BLAKE, Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura, 1970, vol. 2, pp. 432-436. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/view/?45000008351&bbm/5422#page/1/mode/2up
METZLER, Marta (2015). Espelho falso: a paródia na formação do teatro brasileiro. Sala Preta, 15(1), 71-82. https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v15i1p71-82
VIEIRA, Lucila. Eduardo Garrido e o teatro brasileiro do século XIX. Cadernos Letra e Ato, v. 8, Julho, 2018. Disponível em: https://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/letraeato/article/view/2020
SOUZA, S. C. M. de. Um offenbach tropical: Francisco Correa Vasques e o teatro musicado no Rio de Janeiro da segunda metado do século XIX. Revista História & Perspectivas, [S. l.], v. 1, n. 34, 2007. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/historiaperspectivas/article/view/19040.
- Referências externas
- Pessoas/Entidades